domingo, 7 de agosto de 2016

FOX pisa na bola e garante mais um “X-Men” para o muro da vergonha

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Em determinada cena do recém-lançado “X-Men: Apocalipse”, quatro mutantes adolescentes estão saindo do cinema comentando o filme “Star Wars: O Despertar da Força”. Entre eles, Jean Grey comenta: “Uma coisa é certa: o terceiro filme é sempre o pior”. A ironia da fala de Jean é tão grande, mas tããããão grande que não há dúvidas de que tal comentário é uma “mea culpa” não só por longas anteriores da saga, mas também sobre o próprio filme.
Antes de falar sobre “Apocalipse”, vamos recapitular os anteriores. O terceiro filme da primeira trilogia, “X-Men: O Confronto Final” é uma bagunça das grandes – e o primeiro a compor o “Muro da Vergonha’ do X-Men. Acontecimentos atropelados, desconexos, exagerados... Nem entraremos nas questões dos efeitos ruins, porque ‘O Confronto Final’ é de 2006.
Além desse, outro que compõe o mural é o “X-Men Origens: Wolverine”. A proposta da saga “Origens” era contar a história dos mais diversos personagens, mas o fracasso foi tão grande ao relatar a história de Wolverine que não vimos outro filme – ainda bem que Hugh Jackman conseguiu manter o personagem mesmo depois de ter que pagar esse micão.
Enfim, com uma sucessão de erros e levando os filmes do X-Men para o fundo do poço, surge... Tchã-ran!... A trilogia “First Class”. O primeiro filme, “X-Men: Primeira Classe” (2011) é dirigido por Matthew Vaughn (que arrasou no ano passado lançando “Kingsman”, um dos meus preferidos de 2015) traz novos elementos para as aventuras dos mutantes. A história deixa de ser linear, intercalando entre acontecimentos do presente e do passado, e o protagonismo abandona o Wolverine, envolvendo o Professor Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender). É assim que o segundo filme da nova trilogia, “X-Men: Dias de um futuro esquecido”, se consagra como um dos melhores (na minha opinião, o melhor!) filmes do X-Men feitos até hoje. Este é dirigido por Bryan Singer, mas quase toda a produção foi bolada pelo diretor do primeiro.
O terceiro filme – finalmente! – também é dirigido por Bryan Singer (desta vez, sem um dedinho do Vaughn) e estreou mundialmente na última semana. Neste, toda a maturidade dos dois anteriores é deixada de lado para dar espaço a uma história longa, boba, fraca e com efeitos visuais péssimos (agora eu posso reclamar!). Enquanto os dois anteriores mantêm um roteiro denso com questões políticas inclusas, o terceiro parece acompanhar os novos personagens e diminui para uma faixa etária infanto-juvenil. Há muitas cenas com mortes, mas (quase) não há sangue. Há cenas no deserto, durante as quais os personagens estão extremamente limpinhos, sem uma areia na cara!

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O sucesso dos filmes anteriores fez com que James McAvoy fosse percebido como um dos grandes galãs da saga – principalmente levando em consideração a ausência do ator Hugh Jackman, que está tratando um câncer e fez apenas uma rápida aparição no novo filme. Sendo assim, o papel de James é interpretar, mais do que o professor Xavier, um cara bonitão. Por isso que, em cenas de extrema tensão, o personagem está usando a melhor camiseta da Hering, forçando o peitoral, arrumando o cabelo e encarando a câmera com seu melhor olhar 43.
Além disso, há uma necessidade de que todos os acontecimentos da trama tenham uma “moral”, sempre relacionada à família, amizades, amores, entre outros valores. Tudo bem, isso é importante e didático, mas é muito mais efetivo quando esses ensinamentos estão disfarçados e incorporados dentro dos acontecimentos da trama, sem que os personagens precisem dar as mãos e gritarem “VAMOS TODOS NOS AMAR!!!!” – Ok, isso não acontece em “X-Men: Apocalipse”. Ao menos, não literalmente.
Por outro lado, essa união entre os personagens coloca em voga algo essencial para “X-Men” e que dificilmente rolou nos filmes anteriores. Não há um protagonista, cada personagem tem a sua hora de brilhar. Isso foi realmente bom, até porque muitos esperavam um exagero nas aparições de Jennifer Lawrence como Mística simplesmente pelo fato... Bom, pelo fato de ela ser a Jennifer Lawrence.

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O vilão da vez é o Apocalipse. Um cara que viveu no Egito Antigo, ressuscita no século XX e fica indignado ao ver que os seres humanos estão adorando “outros deuses”, como a política, a religião e demais relações hierárquicas. Sendo assim, ele vê apenas uma solução: explodir a porra toda, matar geral e deixar apenas os mutantes (ou melhor, apenas aqueles que estiverem de acordo com ele).
A história gira em torno do combate a este personagem, que é tão assustador quanto um cosplay que comprou as roupas na 25 de Março. Durante loooongos minutos, a trama preocupa-se com uma boa construção do antagonista. Demora muito tempo até que a gente se acostume com o cara e entenda o que ele realmente está buscando. Sendo assim, somos preparados para um desastre – ou melhor, um apocalipse – que, quando acontece, é fraco em efeitos visuais e em qualidade cinematográfica como um todo. Nem mesmo a trilha sonora serve para empolgar. Quando a batalha final acontece, já estamos no cinema há mais de duas horas.
Infelizmente, “X-Men: Apocalipse” fecha de maneira decepcionante a trilogia que tinha potencial para ser a melhor até agora.  Mas, tudo bem! A FOX precisa fazer manter os mutantes nas telas dos cinemas, caso contrário perderão os direitos para a Marvel. Então, vamos esperar pacientes até 2018, quando eles voltarão para as telas para, quem sabe?, a primeira trilogia impecável de X-Men (também continuaremos acreditando em um mundo sem violência, cheio de paz, amor e Ursinhos Carinhosos).




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